'Sempre enxerguei a cozinha de vanguarda como uma caixa de ferramentas que poderia me dar a oportunidade de transformar a comida através de técnicas completamente diferentes do usual', diz o chef Felipe Bronze -  (crédito: Tomás Rangel/Divulgação)

A cozinha de Felipe Bronze tem muita influência japonesa

crédito: Tomás Rangel/Divulgação

 

Quando se fala em restaurante moderno que virou clássico, como é o caso do Oro, na prática significa dizer que alguns (muitos) itens não podem sair de jeito nenhum do cardápio. Isso se baseia nos apelos dos clientes. Para um chef criativo, como Felipe Bronze, pode parecer entediante. Mas ele enxerga essa dinâmica de outra forma. “A repetição é a melhor oportunidade de melhorar o que já se faz”, opina. E é o que se sente à mesa.


O Oro oferece duas opções de menu degustação. O “Criatividade” tem 18 tempos e custa R$ 790, enquanto o “Afetividade”, mais enxuto, resume-se a 14 tempos e tem o valor de R$ 690. Seja qual for a escolha, os pratos são feitos “diariamente com produtos de mercado, respeitando a sazonalidade dos ingredientes”. Quem sugere as harmonizações é a sócia e sommelière Cecilia Aldaz, argentina de Mendoza. As experiências podem contar com sete ou cinco rótulos (R$ 470 ou R$ 340, respectivamente).

 

 

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É interessante como os menus se dividem. Na primeira etapa, estão reunidas as entradas para comer com as mãos. Em seguida, são servidos os pratos para comer com talheres. A sequência se encerra com a etapa “Que seja Doce”, em referência ao programa que o chef apresenta no GNT.


Para começar o jantar de forma leve e fresca, entra em cena a ostra com sorbet de goiaba levemente tostada no forno a carvão e pimenta de cheiro. Existe uma outra versão dessa entrada, que não está no menu atualmente, mas que faz muito sucesso: ostra com caipirinha, reedição de um prato que Felipe servia no extinto Z Contemporâneo. Também já passou por lá a ostra com jabuticaba e shissô roxo.


O restaurante Oro fica no Bairro Leblon, no Rio de Janeiro

O restaurante Oro fica no Bairro Leblon, no Rio de Janeiro

Tomás Rangel/Divulgação


Quem é mineiro tem a felicidade de encontrar pão de queijo no menu. Mas do jeito Felipe Bronze. Com massa choux, recheio de fonduta de queijo da Serra da Canastra e praliné de castanhas. 

 

Influência oriental

 

Os menus também evidenciam uma influência forte da cozinha oriental, com a presença do temaki de tartar de picanha curada com gema de ovo e o bolinho de arroz com camarão, chuchu e molho ponzu. O “Cervantes”, com bao (pão no vapor chinês), barriga de porco defumada e kimchi de abacaxi, também está nessa categoria, mas por um caminho diferente. Isso porque o famoso sanduíche homenageia o bar Cervantes, em Copacabana, que serve essa receita há décadas.

 

Temaki de tartar de picanha curada com gema de ovo

Temaki de tartar de picanha curada com gema de ovo

Tomás Rangel/Divulgação


A sequência de pratos pode ter criações como crustáceo com alho-poró e pistache, que existe desde a inauguração, peixe com creme de pamonha e caldo de milho tostado e costela de boi com creme de castanhas, tutano e aipo.

 


Se fosse para resumir a cozinha do Oro, dá para dizer que ela tem delicadeza e até um certo minimalismo (esse vem da experiência do chef na Noruega), ao mesmo tempo em que entrega potência. Os sabores são persistentes na boca. Ou, nas palavras deles, dão o “punch” da cozinha espanhola, a sua favorita no mundo. Tudo isso com ingredientes conhecidos, que fazem você se sentir confortável com a experiência.


Felipe explica: prefere errar para uma nota acima de sabor do que abaixo. “Viajei muito ao longo da vida para comer em restaurantes onde a comida era quase protocolar na perfeição. Aqui fazemos o nosso trabalho com muita intensidade, é uma cozinha corajosa. Cozinhamos para despertar o desejo de comer e sentir sabores intensos. O que você põe na boca não esquece”, aponta.

 

Brigadeiros famosos


Na última etapa, entram as sobremesas. Uma delas é empratada, como o sorvete de gema curada com cajá e amêndoas. A outra reúne docinhos brasileiros para compartilhar com o café, incluindo mini pudim com calda de café, paçoquinha glaçada no chocolate, queijadinha com recheio de cupuaçu e aos aclamados brigadeiros. Mas como um simples brigadeiro pode ser tão desejado em um restaurante como o Oro?

 

Vieiras, castanha de caju e coentro

Vieiras, castanha de caju e coentro

Tomás Rangel/Divulgação


“É só um brigadeiro, não fica diferente do que faria em casa, mas transformamos em algo delicioso. Cada detalhe foi pensado e trabalhado, tudo tem um porquê.” O chef garante que não existe segredo. "Apenas" usa chocolate bom, faz com que a massa atinja o melhor ponto possível de caramelização para virar um puxa na boca e enrola na hora para não dar tempo de criar aquela casquinha de oxidação. Dessa forma, fica bem macio.


Serviço


Oro
Avenida General San Martin, 889, Leblon, Rio de Janeiro
De terça a quinta, das 19h às 23h; sexta, das 19h à 00h; sábado, das 13h às 15h e das 19h à 00h
(21) 2540-8768
ororestaurante.com.br
@oro_restaurante