Receita do Barbazul - Tropeiro feito com feijão fradinho, espeto de 
torresmo de barriga e mandioca cozida   -  (crédito: Pádua de Carvalho/Divulgação)

Receita do Barbazul - Tropeiro feito com feijão fradinho, espeto de torresmo de barriga e mandioca cozida

crédito: Pádua de Carvalho/Divulgação

 
O festival de botecos Botecar já caiu no gosto dos consumidores mineiros. Com uma celebração de sabores autênticos, cultura e tradição, 39 locais de BH reforçam a imagem da cidade de exibir com orgulho o título de capital nacional dos bares.

 


Unindo gastronomia, música e arte, a oitava edição do evento traz uma fusão desses elementos com o tema “Sabores Musicais”. De 24 de setembro a 26 de outubro, Belo Horizonte será palco de pratos típicos que refletem uma experiência sensorial além do paladar, evocando os ritmos que embalam Minas Gerais. Com ingredientes tradicionais e preços que variam entre R$ 30 e R$ 44,90, o evento promete envolver a clientela que não dispensa um bom tira-gosto.

 

 

“Botecar é muito mais que ir em um festival. Sempre lançamos um tema que inspira os donos e chefs a criarem os pratos. Desta vez, nossos pratos homenageiam cantores, compositores, grupos ou músicas ligados à ‘mineiridade’. É a arte de comer, viver e compartilhar momentos que só se vivem numa mesa de bar”, destaca Antônio Lúcio Martins, organizador do festival.

 

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Para ele, o principal objetivo do Botecar 2024 é valorizar os empreendimentos que têm o dono e muitas vezes a sua família à frente do negócio. São pessoas que cuidam de tudo, desde a gestão da cozinha, tira-gostos, até a visita às mesas para prosear com os clientes.

 

“Nesse sentido, o evento promove a cultura de diferentes gerações e as incentiva a frequentarem juntas os locais durante o festival. Desde a primeira edição, quando tivemos 55 botecos participantes, observamos um crescimento significativo de clientes conhecendo e se fidelizando nesses lugares. Agora, esperamos um número ainda maior de frequência por local participante”, conta.

 

Eu Não Tenho Culpa de Comer Quietinho  - Petisco do Armazém Medeiros

Eu Não Tenho Culpa de Comer Quietinho - Petisco do Armazém Medeiros

Pádua de Carvalho/Divulgação

 

 

SELEÇÃO CRITERIOSA

 

Assim como nas edições anteriores, o idealizador explica que os bares foram selecionados por meio de visitas de um corpo técnico, formado por pessoas que têm o hábito de frequentar botecos e que avaliam a possibilidade daquele determinado bar atender o público com excelentes tira-gostos, bebidas adequadas ao gosto do cliente e cortesia no atendimento. “Contamos também com o público em geral que nos ajudava com indicações em nosso site”, diz.


Durante o festival, o público terá a oportunidade de votar na experiência que teve no boteco, levando em conta critérios como o sabor do petisco, a temperatura da bebida, a higiene e o atendimento. Antônio Lúcio esclarece: “Somada à nota do público, teremos a nota de jurados técnicos que avaliam mais profundamente os mesmos itens. Assim, será eleito o melhor boteco de BH. Premiamos do primeiro ao quinto colocado com uma placa do festival, além da visibilidade gerada pela mídia em geral”, adianta.


Ele destaca que, ao participar do festival, os bares ajudam a divulgar e valorizar receitas típicas e criações que são parte essencial da cultura gastronômica do estado: “O Botecar é um ponto de encontro que une pessoas de diferentes idades em torno da comida e da cultura. O festival promove a conexão entre gerações, permitindo que os mais jovens conheçam as tradições e os mais velhos celebrem a inovação”.

 


ESCOLHA SEU PREFERIDO


Participam da competição botecos que fazem a história botequeira da capital, como o Barbazul, sob o comando de José Márcio Ferreira, que já participou de outras edições. “Ficamos em terceiro lugar no ano passado”, conta Marcinho, apelido do dono.


“Como tenho alguns clientes aqui que são músicos, como o Paulinho Pedra Azul, resolvi fazer uma homenagem a ele”, explica o proprietário. A ideia do prato surgiu ao achar a letra de uma música do artista chamada “Tropeiro de Cantiga”, que representa os tropeiros que andavam por Minas antigamente. “Dei uma elitizada no tropeiro, que vai ser com feijão fradinho, servido com espeto de torresmo de barriga, acompanhado de mandioca cozida na manteiga de garrafa e geleia de pimenta”, diz.


Já Marcílio Diniz Cruz, do Armazém Medeiros, conta que ao longo dos anos a clientela do local sempre solicitou um aperitivo que levasse cupim. “Agora vamos atendê-los, nosso prato é chamado de “Eu Não Tenho Culpa de Comer Quietinho”, sendo composto por um cupim assado com molho especial da casa, queijo coalho, melado de cana e alecrim”. O bar homenageia o artista Alexandre Pires e o Grupo Só Pra Contrariar, com a música “Mineirinho”, e planeja continuar com a receita após o festival. “É um prato que mistura a essência do samba romântico e o sabor do queijo com docinho. Esse tempero é bom demais e só mineiro faz”, brinca Marcílio.


No Adega & Churrasco, o proprietário Ronney Lacerda se inspira em Clara Nunes, que possui uma avenida em sua homenagem na região do bairro Renascença, mais conhecida como Avenida Mexiana. O prato do local foi batizado como “Banho de Manjericão”. Mas qual o contexto do banho de manjericão?

 

“O prato tem a ver com um banho de molho pesto, que é feito de manjericão. Ele vem acompanhado de um cupim desfiado ao molho da casa e creme de mandioca na manteiga, com queijo parmesão, creme de leite e cheiro verde”, detalha o competidor, que integra o festival desde a primeira edição. “Estamos juntos desde a época que o festival começou. O prato dessa edição ficou delicioso e eu acho que o público vai adorar. Vai ser um sucesso”, completa.

 

Criação do Santo Boteco promete agradar ao paladar da clientela

Criação do Santo Boteco promete agradar ao paladar da clientela

Leandro Couri/EM/D.A. Press.Brasi

 

NO COMPASSO DE CLÁSSICOS

 

Instalado numa esquina do bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul da capital, o Santo Boteco também já participou de outras edições do Botecar. Aline Elias, chef e proprietária do local, criou o prato participante a partir da música “Feira Moderna”, de Beto Guedes, ex-integrante do Clube da Esquina.


“A ideia foi fazer um pastel de feira, mas para não ser um pastel comum, escolhi uma parte do boi que eu acho a carne mais saborosa que tem: a língua”, conta Aline, que criou uma junção do famoso pastel de feira com o petisco de vitrine dos botecos de BH. Os pastéis acompanham um molho de ervas frescas, para contrastar com a gordura da língua de boi.


A proprietária conta que mantém os petiscos que tiveram mais aceitação no evento. “Das edições em que participamos, mantivemos o prato ‘saiu da lata, atolou na mandioca’ (carne de lata com purê de mandioca amarela e vinagrete de pimenta biquinho) e a ‘bochecha real’ (tornedor de bochecha de porco cozida no suco de laranja com batatas baby douradas na manteiga com alho confitado e alecrim), prato que ficamos em quinto lugar na ocasião (em que participou)”.

 


Enquanto isso, para Rafaella de Moro, responsável pelo setor administrativo e o marketing do Boteco Novo, a primeira participação do bar em um festival gastronômico garante uma celebração rica de significados e emoções com uma homenagem à música “Maria Maria”, de Milton Nascimento.


“O prato é uma homenagem às avós dos proprietários. Marias, mulheres que deixaram marcas profundas na vida de todos ao seu redor”, explica. A receita é uma mistura de sabores que lembra as refeições caseiras que elas costumavam preparar, com toques modernos que refletem a sabedoria atemporal e sua capacidade de se adaptar aos novos tempos.


Cada ingrediente foi selecionado para trazer à memória a essência da cozinha de Maria, cheia de afeto, amor e simplicidade. “Temos em nosso prato batatas rústicas, temperadas com ervas finas. Sobre elas, um toque generoso de catupiry cremoso. E para completar, o pernil desfiado envolvido em um molho barbecue artesanal, conferindo um sabor agridoce e defumado”, conta.


"Maria Maria" se apresenta como um tributo à memória de mulheres cuja presença foi tão impactante quanto a música que leva seu nome. “Quem o prova, sente um pouco da história de amor e gratidão que o envolve, como se fosse uma visita à casa de Maria, onde a comida era uma expressão de carinho e cuidado”, sugere Rafaella.

 

 

Tira-gosto do Flashback 66: maçã de peito cozida na cerveja preta e batata sauté

Tira-gosto do Flashback 66: maçã de peito cozida na cerveja preta e batata sauté

Cláudio Raposo/Divulgação

 

 

A CHEGADA DE ESTREANTES

 

Proprietária do Flashback 66 junto com o marido Salvador, Gabrielle Almeida explica que o local tem um estilo nostálgico, voltado à época dos anos 1970 aos 90: “Temos um minimuseu e tentamos trazer a lembrança de quando éramos crianças, e isso reflete nos nossos pratos”.


Para ela, a maçã de peito vem para reforçar uma carne com sabor marcante, feita antigamente por muitos familiares do casal. “Para o Botecar, pensamos de uma forma mais requintada, com a maçã de peito cozida na cerveja preta, temperada com ingredientes naturais e acompanhada de batatas sauté, que eram muito comuns anos atrás, passadas na manteiga de ervas e pimenta”, detalha a dona do boteco, que fica no Bairro Diamante, na Região do Barreiro.


A escolha do bar foi prestar homenagem ao grupo 14 Bis. “O pop rock mesclado com músicas brasileiras é a cara do Flashback, já que temos uma pegada nesse estilo da banda”, acredita a empresária.

 

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É a primeira vez que o local participa do evento e Gabrielle aposta que a reação do público será positiva. “Na hora que as pessoas experimentarem, terão a nostalgia de outros botecos, lembranças de reuniões de família, de amigos. Remete ao almoço de domingo. Colocamos a maçã de peito um pouco mais apimentada para trazer aquela vontade de tomar uma cerveja gelada”, defende.

 

O Botecar 2024 também será realizado nas cidades de Brasília (23 de outubro a 24 de novembro) e Rio de Janeiro (6 de novembro a 8 de dezembro). 

 

Serviço

Festival Botecar 2024

Site: festivalbotecar.com.br

Instagram: @festival_botecar

 

* Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Rocha