'Cada cliente monta seu próprio lanche com tudo que puder', informa Tarcizio Vanderlei, do Tunay Lanches -  (crédito: Marcos Vieira /EM/D.A Press)

'Cada cliente monta seu próprio lanche com tudo que puder', informa Tarcizio Vanderlei, do Tunay Lanches

crédito: Marcos Vieira /EM/D.A Press

 

Quantas pessoas não recorrem àquele tradicional “podrão” em alguma madrugada para espantar a larica ou tentar mitigar os efeitos de uma hipotética ou vindoura ressaca? Estamos falando de sanduíches foragidos do império artesanal e que encerram com chave de ouro – e gordura impregnada entre os dentes – noitadas boêmias de Belo Horizonte.

 


Nessa toada, ou pelo puro prazer de apreciar os sabores de um bom sanduíche e sentir o cheiro de fumaça da chapa no ar, o Estado de Minas indica seis endereços gastronômicos da cidade que funcionam até bem depois da meia-noite. No entanto, atente-se aos horários, pois não é em todo dia que esses “podrões” poderão te “salvar”.


Prepare tanto seu paladar e seu olfato quanto sua agenda para se transportar a esses redutos culinários e portadores de cultura mineira.


Tunay Lanches


Em 1991, utilizando um carrinho de mão, Tarcizio Vanderlei vendia cada cachorro-quente a R$ 0,50. “Era só pão e salsicha. Comecei com meu primo, na Rua Tomé de Souza com a Avenida Cristóvão Colombo. Depois de um tempo, fomos para a Avenida Getúlio Vargas, próximo à praça (Diogo de Vasconcelos)”, recorda.


Ao longo dos anos, atento às sugestões da clientela, o proprietário e chapeiro do Tunay Lanches incrementou seu cardápio, com sanduíches cada vez mais sofisticados, sem perder a essência de um “podrão”, e fazendo a alegria de quem transita pela Região Centro-Sul da capital à noite ou na madrugada. “Na sexta e no sábado, funcionamos até o raiar do dia seguinte. De terça a quinta e no domingo, ficamos abertos até as 3h”, conta.

 

Na sexta e no sábado, o Tunay Lanches funciona até o raiar do dia seguinte

Na sexta e no sábado, o Tunay Lanches funciona até o raiar do dia seguinte

Marcos Vieira /EM/D.A Press
 


Dentre as opções, estão o X-Tunay (pão, carne de hambúrguer, frango desfiado, bacon, ovo, queijo, batata, milho, presunto e passas; R$ 27) e o X-Frango (pão, frango desfiado, bacon, ovo, queijo, presunto, milho, batata e passas; R$ 23).


Os prediletos do público, porém, são o X-Tudo (pão, carne, bacon, ovo, queijo, presunto, milho, batata e passas; R$ 23) e o repaginado cachorro-quente (pão, salsicha, queijo, batata, milho e passas; R$ 14). Mas Tarcizio deixa claro: “Cada cliente monta seu próprio lanche, com frango, bacon, tudo que puder. A gente tenta fazer o melhor lanche, com a máxima qualidade.”

 

  • Avenida Getúlio Vargas, 1299, Savassi
  • De terça-feira a quinta e domingo, das 22h às 3h; sexta e sábado, das 22h às 5h


Tudo Junto e Misturado 63


Há quase um ano em BH, a amazonense Maria Ednéia, de 43 anos, se acostumou a dois barulhos que acabam se completando: o do rock emanado do Why American Pub (Avenida Francisco Sá, 66) e o da chapa que ela comanda no trailer Tudo Junto e Misturado 63, que fica logo ao lado da casa de shows, na altura do número 56 da mesma via, no Prado, Região Oeste.

 


De quinta a segunda, o trailer abre às 18h e, como manda a tradição, funciona como “after” para uma gama de roqueiros. “O público do rock às vezes quer tomar uma saideira, então funcionamos mais tempo que o normal. Tem dia que a gente iria até umas 3h, mas ficamos até mais. Somente nas terças e quartas é que descansamos”, relata a atendente. O dono do Tudo Junto e Misturado 63 é Flávio Antônio.


Ednéia trabalha no local há mais de cinco meses e aponta o X-Tudo (pão, carne, muçarela, presunto, ovo, bacon, salada, tomate, alface, batata palha e maionese temperada caseira; R$ 30) e o X-bacon (pão, carne, queijo, bacon, salada, tomate, alface, batata palha e maionese temperada caseira; R$ 27) como os mais apreciados por fãs de rock e moradores locais, “assim como o cachorro-quente e o macarrão na chapa”.

 

  • Rua Francisco Sá, na altura do número 56, Prado
  • Segunda, quinta e domingo, das 18h à 1h30; sexta-feira e sábado, das 18h às 3h30


Alonso’s Burguer


Quase metade da vida do empresário e chapeiro Alonso Queiroz, de 57 anos, é dedicada a um estabelecimento que carrega seu nome e se tornou um dos orgulhos gastronômicos do Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte: o Alonso’s Burguer.


“Tinha 30 anos quando comecei, em 1998, no mesmo endereço, na Curral del Rei, 331”, relembra o comerciante, acostumado aos turnos da noite e da madrugada à frente de sua “melhor amiga”, a chapa. “A gente começa sempre às 18h30 e vai até umas 2h ou 3h, de segunda a quarta; 3h ou 4h, de quinta a sábado; e 1h ou 2h, aos domingos.”

 

Alonso’s Burguer: Alonso Queiroz comanda um dos orgulhos gastronômicos do Padre Eustáquio

Alonso’s Burguer: Alonso Queiroz comanda um dos orgulhos gastronômicos do Padre Eustáquio

Marcos Vieira /EM/D.A Press


O sanduíche mais procurado por seus clientes é o Gostosão, que custa R$ 28 e tem dois bifes de hambúrguer, bacon, ovo, queijo, presunto, milho, batata palha, alface e tomate.

 

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Outros sucessos de público são o Papudo (pão, bife de hambúrguer, frango desfiado, bacon, ovo, queijo, presunto, alface, tomate, batata palha e milho verde; R$ 30) e o Tô com fome (pão, dois hambúrgueres de frango desfiado, bife de filé, bacon, ovo, queijo, presunto, alface, tomate, batata palha e milho verde; R$ 43).

 

  • Rua Curral Del Rei, 331, Padre Eustáquio
  • Todos os dias, a partir das 18h30


OX Fine Burger


Desde 1995 na ativa, a hamburgueria Fininho, no Bairro Itapoã, Região da Pampulha, mudou de nome recentemente. Apesar de a nova alcunha soar “gourmet”, a tradição de um legítimo podrão está mantida. “Resolvemos trocar o nome após uma pesquisa de mercado, e o nome 'Fininho' tinha um baixo potencial de crescimento. Como pretendemos expandir (a marca), resolvemos efetuar a troca para OX Fine Burger”, explica o proprietário, Igor Ribeiro de Souza Jr.

 

Não faltam molhos para acompanhar as criações do OX Fine Burguer; verde e rosé são os mais recomendados

Não faltam molhos para acompanhar as criações do OX Fine Burguer; verde e rosé são os mais recomendados

Instagram/Reprodução


O estabelecimento rompe os limites da madrugada em todos os dias da semana. Segundo Igor, às sextas e sábados o expediente vai até as 3h. “É (um trabalho) desafiador, mas estamos firmes e fortes lutando e fazendo o melhor para nossos clientes e funcionários”, diz.


O X-Egg-Bacon (pão, bacon, queijo, ovo, hambúrguer 90g, salada e batata palha; R$ 25,20) é o sanduíche mais requisitado. Há outras tantas opções mais recheadas, vide o Finos picanha especial (pão, hambúrguer de picanha 200g, queijo cheddar, bacon, ovo, cebola, presunto, milho, alface e tomate; R$ 37,90). Molhos verde e rosé são altamente recomendados.

 


Os preços, segundo o proprietário, podem sofrer alterações no local físico ou nas plataformas para pedidos.

 

  • Avenida Portugal, 4.273, Itapoã
  • Segunda e terça-feira, das 17h30 à 1h; quarta, quinta e domingo, das 17h30 às 2h; sexta e sábado, das 18h às 3h


Dimas Lanches


Do clássico X-Bacon (pão, carne de hambúrguer, queijo, muçarela, bacon, alface, tomate e milho; R$ 20,90) ao recheadíssimo MC Dimas Especial (pão, duas carnes de hambúrguer 120g, dois ovos, bacon duplo, queijo muçarela, presunto, alface, tomate, frango desfiado, catupiri, azeitona, milho e batata palha; R$ 30,90), o Dilmas Lanches é um dos patrimônios gastronômicos da Região do Barreiro que funciona até de madrugada.


Além dos podrões com hambúrguer, o local vende cachorros-quentes, macarrão na chapa ou à bolonhesa, anéis de cebola e outros pratos.

 

  • Avenida Sinfrônio Brochado, 801, Barreiro de Baixo
  • De domingo a quinta-feira, das 18h às 2h; sexta e sábado, das 18h às 5h


Bar do Boizinho


As aptidões de Neylor Alves de Almeida, de 42 anos, para o comércio vieram “de berço”. “Meu pai e eu tínhamos um bar dentro de casa, com entrega de cerveja nas casas das pessoas. O apelido do meu pai era Zé Boi e começaram a me chamar de Boizinho”, relembra o dono do Bar do Boizinho.

 

Há dez anos no Bairro São Paulo, Neylor Almeida serve sanduíches com nomes de sambistas

Há dez anos no Bairro São Paulo, Neylor Almeida serve sanduíches com nomes de sambistas

Camila de Ávila/Divulgação


Localizado no Bairro São Paulo, Região Nordeste de BH, e há dez anos na ativa, o Bar do Boizinho é reduto de quem curte um samba. Há poucos metros dali, fica o Bar do Cacá (Rua Andiroba, 20), onde é realizado o “Samba do Cacá”, com a presença de artistas como Adriana Araújo, Waldir Gomes e Batuque Dagmar.


“Meu cardápio tem nomes de sambistas de Belo Horizonte e da Bahia. E os sambistas frequentam meu bar na madrugada”, diz Boizinho. “Funcionamos de quarta a domingo até 1h, 2h, 3h, 4h, depende do movimento. A gente não manda o povo embora (risos).”

 


Segundo ele, o campeão de audiência dos sanduíches é o X-Tudo (pão, hambúrguer, ovo, bacon, frango desfiado, presunto, queijo, milho, batata, salada e molho especial; R$ 20), assim como pratos como macarrão na chapa, omelete, caldo e pão com linguiça.


Iguarias como Du Dubom (pão, dois hambúrgueres, catupiri, bacon, ovo, presunto, muçarela, milho, batata e salada; R$ 24) e Rafa Leite (pão, dois hambúrgueres, bacon, ovo, frango, queijo, batata e salada; R$ 36) também fazem parte do cardápio de quem passa por ali antes ou depois do samba.

 

  • Rua Maria Pietra Machado, 120, São Paulo
  • De quarta a domingo, a partir das 20h “até o último cliente ir embora”

 

Gíria carioca


No Brasil, o termo “podrão” deriva de uma gíria carioca para cachorros-quentes vendidos por ambulantes em carrocinhas e está entrelaçado às noitadas da população mais jovem. Em várias partes do Brasil e ao longo dos anos, essa cultura se estendeu a sanduíches de hambúrguer, matéria-prima deste guia do EM, e outros tipos de pratos.

 

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