Alimentos ultraprocessados já não devem mais fazer parte das listas de compras dos pais. O recomendado é oferecer aos filhos comida de verdade. Mas, sejamos realistas, essa é uma tarefa que exige tempo e dedicação. Em vez de se sentir culpado, por que não recorrer a empresas que comercializam produtos adequados para bebês e crianças? Aproveitamos a proximidade do Dia das Crianças para mostrar como o momento da refeição pode ficar muito mais simples, mas não menos saudável.
Depois do nascimento do filho, veio a pandemia, “crise existencial” e uma vontade de levar uma rotina menos corrida. A nutricionista Priscila Fernandes trabalhava com gestão de restaurantes em empresas e, numa guinada na carreira, encontrou sentido em trabalhar com alimentação infantil. “Entrei de cabeça, na cara e na coragem, bolei o cardápio, pesquisei rótulo, planejei e, em outubro de 2021, lancei oficialmente a marca”, conta. Lapetelle foi uma das primeiras palavras que seu filho, Bernardo, hoje com oito anos, falou.
O cardápio acompanha as três fases de crescimento das crianças. Seguindo as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Ministério da Saúde, Priscila leva para cada marmitinha os cinco grupos alimentares (carboidratos, legumes, leguminosas, proteínas e verduras). Assim, os pratos ficam naturalmente coloridos e mais atrativos.
Na fase um, de introdução alimentar, são oferecidos aos bebês de seis a nove meses pratos de 150g. “A comida é amassada e sem sal, mas não tem nada a ver com aquela papinha de antigamente. A criança tem que sentir o que está comendo para construir o paladar, então a ideia é oferecer tudo separado.” Entre as combinações, carne moída com baroa, abobrinha, agrião e feijão-preto, frango com inhame, beterraba, acelga e feijão carioquinha e salmão com batata-doce, cenoura, acelga e lentilha.
Já na fase dois, indicada para nove a 12 meses, entram nas marmitas de 200g com pedaços macios dos alimentos para desenvolver a mastigação e a deglutição. Mas a comida continua a não ter sal. As mães podem escolher entre carne moída com espinafre, purê de abóbora sem leite, chuchu, arroz com quinoa e feijão roxinho, filé de sobrecoxa de frango ao molho de tomate com arroz, couve-flor com cenoura e feijão-preto e moqueca de tilápia com legumes (brócolis, batata e cenoura), arroz e feijão.
A marca também tem opções para as mães que seguem o método de introdução alimentar (Baby-Led Weaning) – em português, “desmame guiado pelo bebê”, em que se come com as mãos. Nesse caso, alimentos como carnes, feijão e arroz se transformam em bolinhas, enquanto os legumes, incluindo couve-flor, brócolis e cenoura, vão no tamanho ideal para a criança segurá-los sozinha.
Quando a criança completa um ano, entra na fase três e já pode comer praticamente a mesma comida de adulto – com sal, inclusive. Com isso, Priscila tem mais liberdade para “brincar” com as receitas. A refeição de 270g pode ser de estrogonofe de frango (com creme de inhame) e carne cozida com batata e cenoura a galinhada com arroz branco ao açafrão, talharim artesanal colorido com cenoura, espinafre e beterraba ao molho bolonhesa e feijoada com músculo cozido e lombo, farofa de banana-da-terra e cenoura, couve refogada e arroz branco. No tempero, tem até coentro.
Comida caseira
A fundadora da Lapetelle diz que não tem a intenção de ousar nas receitas, prefere investir em pratos clássicos, com sabor de comida caseira, como a mãe e a avó das crianças fariam. Além do cardápio fixo, com mais de 20 opções, tem sempre o prato especial do mês. Dessa vez, está em destaque o escondidinho de mandioca com carne desfiada e leite de coco.
Na cozinha, não entra nada industrializado, logo não se fala em conservantes ou corantes artificiais. Todos os preparos são artesanais e os temperos (basicamente alho e sal), naturais. Em vez de óleo, utiliza-se azeite. Fritura, nem pensar. Tudo tem que ser cozido ou assado. Mesmo na comida que pode ter sal, a quantidade é moderada. Já as carnes são com o mínimo de gordura. “O nosso cuidado com segurança alimentar é redobrado. São crianças que, muitas vezes, ainda nem estão com o sistema imunológico formado e fazem as primeiras refeições com a nossa comida. Então, não tem nada mal passado e tudo é sanitizado”, acrescenta.
Todos os pratos são vendidos congelados. Basta levar ao micro-ondas e, em três minutos, eles estão prontos para matar a fome das crianças. A intenção de Priscila é facilitar o dia a dia da família, por isso ela usa o slogan “tempo importa”. “Estamos falando de mulheres com bebês em casa, que passam pelo período de puerpério, por toda uma transformação de vida e ficam esgotadas. Nós entregamos a solução, é um verdadeiro alívio, menos uma culpa para carregar. As mães se sentem acolhidas.”
Lanches práticos
Quando decidiu trocar a carreira de consultor de novos negócios por gastronomia, Pedro Cinque soube que a Artisan estava à venda. Nesse momento, as duas histórias se encontraram. “O que brilhou meus olhos não foi só a possibilidade de assumir uma empresa consolidada, que já tinha uma cartela de clientes e produtos com uma boa aceitação no mercado. Para mim, o mais legal era trabalhar com uma alimentação prática e inclusiva”, destaca o empresário, que comanda há dois anos a marca de lanches congelados.
Desde então, Pedro levanta a bandeira da alimentação saudável descomplicada para os pais e, em consequência, para as crianças. Não necessariamente você precisa parar para pensar em uma receita e sair para comprar ingredientes, muitos de difícil acesso. O lema da Artisan é “comer saudável em poucos minutos”. “Quando trazemos essa facilidade, fazemos com que, desde pequena, a criança fique habituada a lanches saudáveis.”
Indicados para crianças a partir dos dois anos, os produtos já vão prontos – com a exceção do pão de queijo, que precisa ser assado. Em poucos minutos no micro-ondas, forno convencional ou air fryer, eles se transformam em um prático lanche. Destaque para as embalagens coloridas e com bichinhos, que deixam a relação com a comida mais lúdica. O bolo de banana em formato de ursinho também faz parte dessa estratégia. E ai dele se chegar sem as orelhinhas: as crianças se recusam a comer.
Nenhuma receita tem glúten ou lactose. Pedro conta que tem o cuidado de fazer as substituições para chegar a um resultado agradável ao paladar. “O nosso principal objetivo é fazer com que os produtos sejam muito gostosos. Queremos quebrar o preconceito em torno da comida saudável. Ser sem glúten e sem lactose é um benefício a mais”, diz o empresário. Isso significa dizer que a massa da empadinha tem que ser crocante, o recheio da torta suculento, o bolo fofinho e por aí vai.
Um dos sucessos da marca é o pão de batata-doce, que ainda leva farinha de arroz, farinha de grão-de-bico e polvilho. No recheio, frango com molho de cebola, tomate, orégano, alho e um pouco de sal. Outros queridinhos são empadinha de queijo com alho-poró, pão de queijo de baroa (ou de inhame) e mini hambúrguer. Entre os doces, brownie, cookie e bolos variados.
Do freezer para a mesa
Depois de ter uma franquia de alimentação infantil saudável, que fechou na pandemia, Juliana Bernardes Monteiro apostou suas fichas em um negócio próprio, o Emporinho Comida de Criança BH, que reúne produtos congelados e funciona só por delivery. “Gosto de trabalhar com o público infantil e entendo que esse nicho pode ser um diferencial na vida de muitas mulheres. Fora que é muito gratificante ver as crianças crescendo e curtindo a comida”, comenta a administradora, que tem uma filha e duas enteadas.
Juliana fez uma curadoria de fornecedores em BH e no Brasil. Atualmente, são seis. Os produtos vão de lanche a comida, chegando aos doces. Há opções orgânicas, veganas e para alérgicos, indicadas para bebês a partir dos seis meses de idade. Tudo sem conservantes. Ao todo, são mais de 100 itens.
Na parte dos lanches, destaque para palitinhos de tapioca, salgadinhos assados (coxinha, empadinha, pastel e quibe), mini pizza com massa de batata e farinha de aveia e cobertura de milho e abobrinha, muffins de frango e brócolis, panqueca de maçã e banana, bolos variados e salada de frutas. Também entram nessa categoria os cremes de frutas congeladas, que parecem sorvetes, e o açaí com banana, sem xarope e sem açúcar, arroz-doce com leite de coco e brigadeiro de tâmara, banana e cacau.
De comida, as opções são sopas, cremes, amassadinhos e pratos como estrogonofe com leite e coco, moqueca de peixe, frango com quiabo, canjiquinha com carne desfiada e legumes e feijoada com carne cozida. Tem até risoto, que pode ser oferecido aos bebês e fazem o maior sucesso. Eles não levam creme de leite ou queijo, muito menos vinho, mas ficam bem molhadinhos. Os sabores são carne com abóbora, frango com limão siciliano e legumes e salmão com alho-poró e laranja.
Algumas propostas são bem diferentes, como a da comida com porções que vêm em cubinhos congelados, cada um de um grupo alimentar necessário para as crianças. Outra ideia curiosa e divertida são os pratos lúdicos, montados no formato de palhaço, por exemplo (um tomate faz as vezes do nariz). “Esses pratos são indicados para aquelas crianças que têm dificuldade de se alimentar, afinal, todos nós comemos com os olhos. Eles fazem da refeição um momento de brincadeira e ajudam muito a quebrar a seletividade”, pontua.
A fundadora do Emporinho quer entregar praticidade para as famílias. Por isso, também oferece kits de festas saudáveis para bebês, com salgadinhos assados e bolos sem açúcar, glúten e lactose, garantindo a participação até dos alérgicos. Outra facilidade é o kit para viagens internacionais. “Mandamos as comidinhas em caixa de isopor, com gelo seco e um laudo para a alfândega, explicando que a criança tem alegria. Então, as mães viajam com a alimentação dos bebês toda resolvida.”
Vários desafios
Nesse mercado, existe o desafio de construir o paladar da criança, mas também de quebrar o preconceito do adulto com comida congelada e mostrar que buscar essa ajuda não é vergonha nenhuma. Pelo que conta Juliana, o trabalho tem funcionado em todas as frentes.
Como exemplo, ela relembra o caso da criança que não comia nada, até provar a sopa de brócolis com espinafre e se apaixonar. Resultado: a mãe comprou o estoque inteiro. Com o tempo, o menino foi aceitando outros pratos e passou a comer de tudo.
Em relação ao fato de a comida ser congelada, Juliana explica: “Trabalho com empresas que usam o ultracongelamento, que é a forma mais moderna de congelar, preservando os nutrientes, o sabor e não deixando formar cristais de gelo na comida.” Normalmente, os pais começam comprando um ou dois itens. Quando aprovam, passam a manter um estoque em casa.
“Não se martirize, não sinta vergonha. Somos um apoio, um respiro para quem não tem tempo ou não está a fim de cozinhar, porque isso dá uma trabalheira mesmo. Com a comida congelada, você tem a praticidade de tirar do freezer, descongelar no micro-ondas, forno ou airfryer e está pronto. E essa comida não deixa de ser saudável e de muita qualidade”, reforça a criadora do Emporinho Comida de Criança BH.
Bolinho de maçã sem açúcar e sem leite
Priscila Fernandes – Lapetelle
Ingredientes
- 4 maçãs raladas (não precisa descascar)
- 1/2 xícara de óleo
- 4 ovos
- 1 xícara de uva passa branca
- 1 e 1/2 xícara de aveia em flocos
- 1/2 xícara de farinha de arroz
- 2 colheres de sopa de fermento em pó
- 1 colher de café de canela
Modo de fazer
- Bata no liquidificador o óleo com as passas, os ovos e a maçã. Reserve.
- Em uma vasilha, misture a farinha de arroz, a aveia em flocos e a canela.
- Aos poucos, junte os líquidos batidos no liquidificador.
- Misture bem até que fique homogêneo.
- Por último, adicione o fermento e misture levemente, sem bater.
- Leve ao forno pré-aquecido por 10 minutos a 180 graus.
- Asse por cerca de 30 minutos até que fique firme e dourado.
- Essa receita rende 12 bolinhos em forma tipo cupcake ou 1 bolo grande em forma tradicional.
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Serviço
Lapetelle (@lapetelle)
(31) 98316-6828
Artisan (@artisanfoods_af)
Avenida Prudente de Morais, 637 – Santo Antônio
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Emporinho Comida de Criança BH (@emporinhobh)
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