Garantir a preservação dos nutrientes do açaí, das florestas onde a fruta é produzida e a vida de quem trabalha na colheita. Esses são os três pilares que orientam um novo segmento de mercado, nomeado “açaí de colheita especial”. A definição foi implantada pela marca familiar Maçaix, que promete transformar a forma como o alimento é produzido e apreciado.
O sócio-fundador Tomaz Stahl Martins, de 27 anos, conta que essa história começou em uma viagem feita pelos pais. “Meu pai foi diretor de recursos humanos por muito tempo, e minha mãe tinha um negócio na indústria da moda. Em 2013, os dois fizeram uma mudança de carreira e abriram uma empresa de comportamento sustentável."
Natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o casal acabou convidado a abrir uma consultoria no Amapá. Logo, a vida dos dois mudaria drasticamente. "Lá, pela primeira vez, tiveram a oportunidade de experimentar o açaí recém colhido, direto da árvore. Meu pai não gostava de açaí, porque o que chegava para nós, no Sul e no Sudeste, não tinha nada a ver”, comenta.
Diferentemente do que estavam acostumados, Tomaz explica que o açaí era neutro. “Comparamos com o abacate, você pode por sal ou açúcar. No Amapá, por exemplo, eles comem salgado, com peixe”, descreve.
Foi aí que a dupla começou a investigar o porquê de o açaí chegar tão diferente. A partir de visitas em indústrias de açaí, agricultores e pesquisas, os pais descobriram uma informação que, para eles, todos deveriam saber: o tempo de degradação do açaí. “O fruto é muito poderoso, com alta capacidade antioxidante que atua na proteção das células, prevenindo Alzheimer, câncer e outras doenças degenerativas. Mas, por outro lado, o que quase ninguém sabe é que ele oxida muito rápido, ou seja, estraga. A partir do momento que ele é colhido da árvore, em 48 horas está completamente estragado”, afirma o empresário.
Com esse “segredo” em mãos, a família deu “start” no conceito de colheita especial. “O processo fundamental para saber se você está comendo um açaí de qualidade é o tempo de congelamento da polpa, ou seja, quanto mais rápido fizer a colheita, o trabalho de despolpar - uma vez que 80% do açaí é caroço, e o consumido é 20 % - e transformar em polpa congelada, mais fresco será o produto e mais nutrientes serão preservados”, explica. A marca, portanto, se empenha em apresentar o mais rápido processamento de açaí do mercado. “Nós fazemos tudo isso, em média, em seis horas, e, no máximo, 12”, garante ele.
O compromisso da Maçaix vai além da qualidade nutricional. No meio do caminho, a marca se deparou com questões graves na cadeia produtiva, como o uso de mão de obra infantil e a transformação do açaí em monocultura. “Estão começando a desmatar partes da Amazônia para plantar a fruta. Por isso, buscamos a profissionalização e segurança para os trabalhadores, e utilizamos apenas áreas de reflorestamento ou agro florestas”, acrescenta Tomaz.
Ciclo de produção
Antes de chegar nas mãos dos clientes o açaí passa por um ciclo de produção. O sócio-fundador expõe que o início se dá com a seleção de agricultores que se adequam aos parâmetros do açaí de colheita especial.
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“No momento que os selecionamos eles entram para a rede de fornecedores. Em seguida, transformamos o açaí em polpa congelada e depois enviamos para nossas indústrias, onde são feitos os cremes de açaí prontos para consumo. Por fim, o produto é transportado para as lojas”, detalha.
Diferentes origens
Apesar de ser associado ao Norte do país, o fruto pode ser encontrado em outras regiões, como em grande parte da costa do Brasil.
“Muitas pessoas acham que só existe açaí na Amazônia, mas também trabalhamos com o 'açaí da Mata Atlântica' ou 'açaí Juçara', por causa da palmeira que leva esse nome. São duas espécies diferentes. O da Amazônia é Euterpe oleracea, e o da palmeira é Euterpe edulis”, relata o sócio.
Martins conta que a espécie da Mata Atlântica correu risco de extinção nos últimos anos, devido a extração ilegal. “A árvore também produz o famoso palmito Juçara, e por muitos anos existiu muita extração indevida dele. O açaí cresce no topo da árvore, enquanto o palmito é o caule, ou seja, para consumi-lo é preciso cortar a árvore. Por isso, consumir o açaí juçara foi uma forma de incentivar a regeneração e preservação da Mata Atlântica”, destaca ele.
As duas polpas apresentam diferenças que podem ser percebidas à primeira vista e no paladar. “O Juçara é mais frutado, doce naturalmente, em razão do clima mais frio e do menor tempo de degradação. Visualmente, ele apresenta uma cor de roxo vivo. Já o amazônico é quase uma cor de vinho, e o sabor é mais amargo, quase salgado”, descreve Tomaz.
Delivery em BH
A Maçaix já opera em diferentes lugares como, na Cidade do Porto, em Portugal; Barcelona, na Espanha; no Chile; em Porto Alegre; e, recentemente, se instalou em BH.
Até o momento, a marca trabalha no modelo digital, com delivery nas plataformas Ifood e Anota aí ou por e-commerce. “O cliente pode pedir o açaí com frutas frescas, ou em caixas de dois litros, pelo site”, conclui Tomaz.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata