Durante três dias,  programação oferece palestras, workshops, degustações e acesso a mais  de 180 marcas expositoras -  (crédito: Ophelia Espress/Divulgação)

Durante três dias, programação oferece palestras, workshops, degustações e acesso a mais de 180 marcas expositoras

crédito: Ophelia Espress/Divulgação

Aromas intensos e novas perspectivas: Belo Horizonte será palco de uma grande celebração do café. Entre quarta (20/11) e sexta-feira (22/11), a capital mineira recebe a 12ª edição da Semana Internacional do Café (SIC), evento que se tornou referência para o mercado cafeeiro do Brasil e do mundo. O Estado de Minas conversou com profissionais que vão marcar presença no encontro para traçar um panorama da programação, que terá uma agenda rica em temas que aprofundam a relação entre o grão, a tecnologia e a sustentabilidade.

 

Como de costume, a SIC carrega um tema que serve como guia para a montagem dos conteúdos do evento. Neste ano, o escolhido foi “Como o clima, a ciência e os novos consumidores estão moldando o futuro do café”, que faz referência ao atual cenário mundial e à demanda por sustentabilidade em todos os setores da cadeia produtiva. “O tema foi escolhido porque essas três palavras estão ditando os próximos anos do café. A discussão é sobre mudanças climáticas e como o mercado, através de tecnologia, conhecimento e planejamento, se adequa e prepara para esse cenário”, explica o diretor da marca Espresso&Co e um dos idealizadores do evento, Caio Alonso Fontes.


“Quando falamos no clima, vemos uma realidade que traz a atenção de toda a cadeia na busca de como mitigar os riscos. Sobre a ciência, acreditamos que, se conseguirmos encurtar o caminho entre a pesquisa e o mercado, obteremos soluções para atacar não só as questões climáticas mas também outros desafios”, acrescenta ele.


Por fim, dois olhares se abrem diante dos consumidores: um sobre novos mercados compradores do café brasileiro, como o Sudeste da Ásia, e outro acerca do que a nova geração de consumidores preza quando estão buscando um produto. “Quando aplicamos esse raciocínio ao café, falamos de um consumidor que considera mais a sustentabilidade, a origem e o impacto do produto”, diz Alonso.

 

 

A partir disso, a 12ª edição da Semana Internacional do Café chega para instigar a curiosidade dos apaixonados pelo grão e dos profissionais que vivem de entender e desbravar cada detalhe do ciclo cafeeiro. Com uma trajetória de mais de uma década, o evento é como uma vitrine de inovações e de um Brasil que se conecta ao mundo por meio do café. Para esta edição, Caio conta que a expectativa é reunir aproximadamente 20 mil participantes de mais de 40 países no Expominas, no Bairro Gameleira, Região Oeste de BH, e movimentar cerca de R$ 60 milhões em negócios.


Durante três dias, a programação oferece conteúdo em forma de palestras, workshops, competições, pesquisas e degustações orientadas e os visitantes ainda podem ter acesso a 180 marcas expositoras, novidades de mercados. “No dia 20, teremos o ‘Simpósio DNA’, onde abordamos as tendências com discussões mais conceituais sobre onde o mercado está indo e as oportunidades. Já no segundo dia, temos um fórum da cafeicultura sustentável, onde trazemos cases de sucesso de produtores, cooperativas, pesquisadores e exportadores”, comenta o diretor. Além disso, também será promovido um espaço dedicado à food service (cafeterias, restaurantes e bares), workshops de degustação e serviços sobre empreendedorismo.

 

 

Durante a semana, será escolhido o "embaixador do café", barista que vai representar o brasil no mundial do ano que vem. Na foto, o participante Renan Dantas

Durante a semana, será escolhido o "embaixador do café", barista que vai representar o brasil no mundial do ano que vem. Na foto, o participante Renan Dantas

Arquivo Pessoal

 

Coffee of the Year

Ao mesmo tempo em que acontecem os diálogos, os visitantes também podem conferir algumas competições, e uma delas é a Coffee of the Year, em que os melhores cafés brasileiros da safra nova serão conhecidos. “A premiação acontece no último dia, e exalta o produtor. Tivemos um recorde de amostras este ano. Foram mais de 560 de todas as regiões produtoras do Brasil. Desse total, 180 vão para a feira, onde elas podem ser negociadas e experimentadas”, afirma Caio Fontes. Elas são disponibilizadas para prova voltada à comercialização dos cafés na sala de Cupping&Negócios.
“Quem participa da competição são os produtores, e não marcas. O prêmio avalia o “café verde”, ou seja, o café produzido antes de ser torrado por uma indústria”, ressalta o idealizador. Todos os finalistas recebem Certificado de Participação. Já os grandes vencedores (primeiro lugar arábica e primeiro lugar canéfora) levam troféu e certificado de campeão.


Durante o evento, o público visitante e os juízes provam os cafés concorrentes e votam. Ao final da votação, são definidos os dez melhores cafés de arábica (natural da Arábia ou da Etiópia) e os cinco melhores cafés canephora (espécie originária da África Ocidental). No sabor, eles se distinguem por ser suave e adocicado, e amargo e terroso, respectivamente.

 

Desafios no cerrado mineiro

 

 

Um dos produtores que vão marcar presença no evento é Juliano Tarabal, representando o café do Cerrado Mineiro. Há 28 anos como produtor, ele espera gerar conexão com os compradores, desenvolver conhecimento e reforçar a presença de seus produtos. Para esta edição, Juliano vai apresentar os nove melhores cafés da última safra no Cerrado e a campanha “A verdade é rastreável”.
A região foi a primeira do Brasil a conquistar o registro rcde Denominação de Origem para o produto café, que reconhece a qualidade e a identidade dos cafés produzidos no Cerrado. No entanto, Tarabal notou que muitas empresas estão cometendo infrações ao comunicar em seus produtos, a origem sem ter seguido o processo oficial de certificação da Denominação RCM, o que prejudica o trabalho dos produtores comprometidos.


“Comecei há 28 anos e, o principal desafio, é construir uma cultura de consumo de café no Brasil que evolua a qualidade, e consolidar uma imagem positiva no mercado internacional”, revela o produtor. Os certificados, laudos e selos de origem e qualidade da Denominação de Origem Região do Cerrado Mineiro garantem ao comprador ou consumidor final, a autenticidade do Cerrado Mineiro.


Competição para “Embaixador do Café”

 

 

Outra disputa da Semana Internacional do Café é o Campeonato Brasileiro de Barista, cujo campeão representará o Brasil no campeonato mundial em 2025. “O barista é o embaixador do nosso segmento, e não só a pessoa que prepara o café na cafeteria. Ele participa até da seleção do grão, e está presente nos estabelecimentos para levar informação ao consumidor final”, evidencia Caio.


Renan Dantas é um dos participantes da competição e, da mesma forma que Alonso, reafirma o papel do barista. “Acho que falta visibilidade em relação aos profissionais, porque quando você para e toma um café, não é só sobre a cafeteria, mas sobre um elo. Se não existir o barista, não comunicaremos com o cliente final, e precisamos dessa comunicação para construir novos públicos”, diz ele.


Há dez anos na profissão, Renan comemora a oportunidade de participar pela quinta vez da SIC. “Temos a chance de demonstrar um pouco do nosso trabalho, porque muitos acham que é só jogar uma água no café e pronto. Porém, existe todo um estudo por trás, para trazer a xícara perfeita. As expectativas são ótimas, sempre aprendo uma coisa nova, como uma ‘lição de casa’”, comenta.


A competição acontece no último dia e conta com juízes que avaliam desde o comportamento do profissional até o sensorial da bebida. Os baristas devem apresentar 3 tipos de bebidas distintas para avaliação. “São 15 minutos de apresentação. Dentro desse tempo, temos que apresentar uma espécie de TCC, com um tema em evidência. Ao todo, são 12 xícaras, sendo quatro expressos iguais, quatro bebidas com leite (como lattes e cappuccinos), e quatro ‘drinques assinatura’, sem álcool”, explica o barista.

 

Prazer e sofisticação

 

 

Uma dos destaques da semana será apresentado pelo palestrante Haroldo Bonfá, com o tema “Cenários e perspectivas do mercado de café”. Há 40 anos no segmento, ele conta que já atuou nas áreas de business de café, comércio internacional e consultorias. Sua abordagem começa pelo conceito do café no mundo e se expande à variedade existente e à abertura de novos mercados.


“Tem pessoas e lugares que não sabem que o Brasil é um dos maiores produtores do grão, e não conhecem os tipos que existem. O Brasil não possui só um café. Além disso, pretendo trazer números sobre a exportação de café para países como Colômbia, Vietnã e Indonésia”, esclarece ele.
A partir de sua bagagem de experiência, Haroldo vem observando dois novos aspectos. “Primeiro, a capacidade técnica do Brasil, tanto na área do produtor como na comercialização. Nós temos hoje um produtor extremamente tecnificado, por meio de equipamentos e estudos de meio ambiente. Essa evolução entrega um aumento da produtividade e diminuição de custos, desde a colheita até a venda”, analisa.

 

Siga o nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia


Em segundo lugar, ele aponta o movimento do consumo. “Por exemplo, o Starbucks, hoje, possui o atributo de falar que vende café. No entanto, ele vende um prazer, uma sensação, e utiliza o café como um veículo para isso”, argumenta Bonfá. Ele diz que, se observarmos a fila da cafeteria, é nítida a quantidade de pessoas que pedem café puro e ‘café com’ – se referindo aos acompanhamentos como leite, creme, caramelo, chantilly.


“Houve uma adaptação do mercado para esse novo público, o que é fantástico, pois abriu novas oportunidades, concorrentes e uma sofisticação e descoberta das regiões produtoras de café. Atualmente, em uma prateleira de supermercado, você encontra o café de linha, mas também opções da Zona da Mata, Sul de Minas e Cerrado”, acredita Bonfá.


O palestrante ainda diz que as diferentes denominações de origem do café oferecem oportunidades ao consumidor para descobrir novos sabores. “Essas experiências sensoriais estão trazendo um novo público e, com isso, novas oportunidades de comercialização. É um grau mais sofisticado de conhecimento e satisfação”, enfatiza.


Haroldo acredita que a Semana Internacional do Café vai trazer novos tipos de café, não só em termos de qualidade e degustação, como também aproveitamentos. “Tudo isso faz a cadeia produtiva melhorar. As competições trarão pessoas preocupadas com a qualidade, e pequenos produtores e baristas interessados em experimentar novas alternativas que o país possui. Isso faz da cadeia do café mais forte e prazerosa, porque haverá diferentes sensações e a chance de caminhar por novos caminhos ainda desconhecidos”, conclui ele. 

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Rafael Oliveira

 

Serviço

Site: ww.semanainternacionaldocafe.com.br
Instagram: @semanainternacionaldocafe
Datas: 20, 21 e 22 de novembro de 2024
Horário: das 10h às 19h
Local: Expominas – Av. Amazonas, 6.200, Gameleira, Belo Horizonte, Minas Gerais Ingressos: Informações no @semanainternacionaldocafe
Pessoa física: R$ 70 (para os três dias)
Visitante com CNPJ: gratuito
Produtor rural: gratuito
Visitante internacional: gratuito