Pelo segundo ano consecutivo, Minas Gerais venceu o Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy e levou o título de melhor café sustentável do mundo. A grande campeã foi a Fazenda Serra do Boné, de Matheus Sanglard, de Araponga, na Zona da Mata, que ganhou o prêmio Best of the Best, com um café produzido com a chamada técnica do despolpado, que maximiza a quantidade de açúcares e aromas. Outros dois cafés mineiros - das fazendas São João (Cerrado Mineiro) e Vila Oscarlina (Sul de Minas) - também estavam entre os nove finalistas.
"Nossas práticas agrícolas respeitam o meio ambiente. Conservamos as nascentes, protegemos as áreas de água e utilizamos o mínimo possível de agrotóxicos e adubos químicos, dando preferência a adubos orgânicos e retornando a palha de café para as lavouras. Fazemos o plantio do café de forma a minimizar o impacto ambiental, utilizando roçadas ou capinas no lugar de herbicidas sempre que possível e realizando pulverizações contra doenças e pragas apenas quando necessário, de forma pontual", explica Sanglard.
A fazenda vencedora, que fica na região das Matas de Minas, tem topografia montanhosa e conta com áreas bastante íngremes, o que exige que a colheita seja manual ou semimecanizada. A altitude varia entre 1.000 e 1.400 metros, e essa diferença de declínio geralmente resulta em cafés com diferentes nuances e terroirs, o que também contribui para o enriquecimento da qualidade dos grãos.
Os jurados
O painel de jurados que selecionou o melhor café sustentável incluiu Massimo Bottura, chef patrono da Osteria Francescana e fundador da Food for Soul; Viki Geunes, chef-proprietário do Zilte, com três estrelas Michelin, na Antuérpia; Felipe Rodrigues, chef do Complexo Rosewood, em São Paulo; Vanúsia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café; os provadores profissionais Q Grader Felipe Isaza e Dessalegn Oljirra Gemeda; além dos jornalistas Vanessa Zocchetti (Madame Figaro), Sebastian Späth (Falstaff) e Josh Condon (Robb Report).
Alguns dos critérios para a escolha do vencedor são cor, aspecto, teor de umidade e a qualidade da bebida, inclusive com degustação para espresso. As bebidas também são analisadas quimicamente para ficarem dentro do limite de resíduos para agroquímicos permitido mundialmente e aceito pela illycaffè.
O júri descreveu o café premiado da Fazenda Serra do Boné como cremoso, doce e encorpado, com um equilíbrio elegante de aromas de frutas frescas, tons de caramelo, notas sutis de açúcar mascavo e um final persistente de chocolate com notas florais de jasmim - um café maravilhosamente complexo que personifica perfeitamente sua origem brasileira.
Minas é exemplo
A edição anterior do Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy foi conquistada pela fazenda São Mateus Agropecuária, que fica nos municípios de Patos de Minas e Varjão de Minas, na região do Cerrado Mineiro. Foi o primeiro café do Brasil a subir ao lugar mais alto do pódio.
"Pelo segundo ano consecutivo, uma fazenda brasileira que adota práticas regenerativas nos deu o melhor café no mundo. Na Fazenda Serra do Boné, a saúde do solo, a biodiversidade e as fontes de água são preservadas graças ao uso de fertilizantes orgânicos, ao controle biológico e à reutilização de subprodutos do processamento", explica Andrea Illy, presidente da illycaffè.
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Ela aproveita para reforçar que este é o caminho para a produção de café no mundo. "Estamos mais uma vez notando sinais importantes que confirmam como a agricultura regenerativa é o caminho certo para uma produção mais resiliente, capaz de garantir produtividade e qualidade superior, da qual o café é o precursor com as maiores taxas de crescimento", completa.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino