Hambúrgueres do Soul Jazz Burger carregam nome de famosas composições -  (crédito: Ana Freitas/Divulgação)

Hambúrgueres do Soul Jazz Burger carregam nome de famosas composições

crédito: Ana Freitas/Divulgação


Lugares onde o sabor se mistura à melodia. Essa é a proposta de bares e restaurantes que fazem da música o tema de sua identidade. Mais do que uma trilha sonora ambiente, a inspiração pode ser encontrada no cardápio e nas paredes dos espaços, criando uma experiência única para seus visitantes. Seja em um drinque batizado com o nome de um hit ou um prato que homenageia uma lenda dos palcos.


Para alguns empreendedores, a escolha do tema tem a ver com uma história pessoal, artistas que moldaram sua trajetória ou até memórias marcantes dos clássicos. Para outros, é a tentativa de oferecer algo diferente em um mercado competitivo, onde a experiência conta tanto quanto a refeição.

 


Primeiro restaurante das culinárias creole e cajun de Belo Horizonte, o Gumbo Soul Food traz um pouco da cultura do Delta do Mississippi para a capital mineira. Os proprietários Giancarlo Zorzin e Pedro Neves reproduzem as receitas mais icônicas da região.


“Dessa forma, não poderíamos deixar de assumir uma trilha musical que refletisse toda essa atmosfera. A nossa playlist reproduz tanto o delta blues, com nomes como Robert Johnson, Sony House, James Cotton, Mississippi John Hurt, Willie Brown, dentre outros, como também o chicago, assim como o jazz e seus subgêneros, com a presença do Dixieland Jazz, que surgiu em Nova Orleans, junto com outros subgêneros como o bebop, o free Jazz, o cool Jazz e o fusion”, conta Gian, como é conhecido. Outro estilo marcante são as brass bands, presentes nas famosas Second Lines de Nova Orleans.

 

Clássico de Nova Orleans, drinque Banana Daiquiri combina rum branco, licor de banana e suco de limão

Clássico de Nova Orleans, drinque Banana Daiquiri combina rum branco, licor de banana e suco de limão

Gumbo Soul Food/Divulgação
 


A música está presente na decoração, com pinturas nas paredes de grandes nomes do jazz, como Louis Armstrong, Billie Holiday e Nina Simone, além de instrumentos de sopros antigos pendurados nas paredes do bar. Além disso, o estilo remete aos antigos bares e clubes musicais de Nova Orleans. “Costumamos colocar música ao vivo uma vez por mês, sempre trazendo bandas e artistas mineiros que reproduzem o melhor do blues e do jazz”, explica o proprietário.

 

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Pratos miscigenados


Lá, o menu é composto por pratos como o Gumbo (o guisado que dá nome ao restaurante), um dos mais icônicos da culinária creole/cajun. A receita representa bem toda a miscigenação dos povos que integraram a história da Louisiana, misturando em um guisado o roux francês, temperos caribenhos, o quiabo originário da África e proteínas, como o frango e o porco criados pelos colonos e o camarão abundante nos estuários da região.

 

Sanduíche de camarões com creme de queijo: receitas fazem referência às culinárias creole e cajun

Sanduíche de camarões com creme de queijo: receitas fazem referência às culinárias creole e cajun

Gumbo Soul Food/Divulgação
 


Já o Creole Grits pode ser considerado a canjiquinha da Lousiana. Os nativos americanos preparavam uma pasta de milho (hominy) através do cozimento e maceração do grão em solução alcalina de cal. Seduzidos pelo seu sabor, os colonos europeus acabaram por difundir o hominy por todo o Sul do país, onde, posteriormente, seria chamado de Grits e se diversificaria em várias receitas. Drinques como o Banana Daiquiri (rum branco, licor de banana e suco de limão) completam o cardápio da casa.


Ritmos brasileiros


O Candiá é um gastrobar com culinária mineira, bebida gelada, música e cultura. A palavra Candiá se refere a uma pessoa com luz própria, amável, charmosa, expressiva e criativa: “O nome do bar foi inspirado neste conceito e na música ‘Samba Pras Moças’, de Zeca Pagodinho. Por meio dessa música, surgiu a ideia de criar uma casa de samba, que vibrasse a energia boa desse estilo musical tão brasileiro”, declara Anna Carolina Monteiro, sócia de Rafael Marra e Caio Almeida.

 

Painel no bar O Candiá reúne rostos de grandes artistas da música brasileira e trechos de suas canções

Painel no bar O Candiá reúne rostos de grandes artistas da música brasileira e trechos de suas canções

Henrique Santos/Divulgação
 


Apesar de o samba ser o gênero musical que guia o lugar, devido à identificação dos proprietários, lá também tem chorinho, MPB e outros tipos de brasilidades.


A música aparece na decoração, no cardápio e até no dia a dia da casa. “A pintura do teto do salão interno, sem dúvida, é o que chama mais atenção pelas cores vibrantes e pela originalidade. Feita pelo artista e pintor pernambucano Alexandre Lisboa, a obra retrata não só pontos turísticos de BH e situações do cotidiano mineiro, como a Igrejinha da Pampulha, o Mineirão, o jacaré da Lagoa da Pampulha e o nosso famoso queijo, como também astros da música, desde Zeca Pagodinho ao Raul Seixas”, explica Carol. O bar também possui um painel no fundo da casa, feito pelo mesmo artista, com os rostos de grandes nomes da música brasileira e trechos de suas canções.

 


Buscando valorizar e dar palco para os artistas da capital, de terça a domingo, diversos cantores se apresentam no bar, com diferentes estilos, para agradar a todos os gostos. “Nós queremos fortalecer ainda mais o cenário musical da cidade, então promovemos eventos anuais como a 'Feijuca do Candiá' e o 'Samba da Benção'; a agenda de shows é divulgada no nosso Instagram”, diz.

 

Nomes de músicas


Assim como a programação musical, os pratos assinados pelo chef André Correia trazem nomes de canções brasileiras, como a tradicional feijoada do fim de semana “Deixa a vida me levar”. Entre os tira-gostos, “No Rancho Fundo” (carne de lata, linguiça artesanal, torresmo de barriga e picles de cebola roxa), “Jardins da Babilônia” (combinação de bruschetta caprese e bruschetta com queijo Canastra, abobrinha e geleia de manga) e “Morena Tropicana” (coxinha da asa de frango coberta com molho de goiabada).

 

'João e Maria', 'Fixação' e 'Flor de Lis' são algumas das músicas que dão nome aos pratos

'João e Maria', 'Fixação' e 'Flor de Lis' são algumas das músicas que dão nome aos pratos

Henrique Santos/Divulgação
 


Mantendo a característica de um “bar raiz”, tanto as cervejas quanto os drinques são servidos em copos lagoinha, como são chamados pelos belo-horizontinos. “O Candiá Bar é o lugar perfeito para quem gosta de comer e beber em um ambiente agradável e descontraído, curtindo ritmos durante toda a semana. É incrível acompanhar a energia que vibra com as pessoas que entram em nossa casa e aproveitam essa mistura brasileira de gastronomia e música e se encantam com as pinturas da casa”, exalta Carol.


Paixão pelo jazz



A Soul Jazz Burger é uma hamburgueria artesanal com forte influência e inspiração musical. Comandada pelo casal Maíra Marcolino e Bruno Costa, a casa foi aberta em 2017 no Bairro Aeroporto, Região da Pampulha, com a proposta de traduzir a alma do jazz em um ambiente que remeta à originalidade do estilo musical.

 

O ovo com gema brilhante simboliza 'dias de sol' da música 'Summertime'

O ovo com gema brilhante simboliza 'dias de sol' da música 'Summertime'

Soul Jazz Burger/Divulgação
 


A ideia é oferecer aos clientes uma experiência única e completa de sabores, sons e ambientação. “Escolhemos o jazz pela nossa paixão pelo ritmo musical até então não explorado. A temática também é abordada na arquitetura, com referências aos jazz pubs nova-iorquinos. A cereja do bolo são os talentosos músicos mineiros, que agregam ao nosso espaço em apresentações ao vivo”, conta Maíra.


Além de dar nome aos pratos hambúrgueres, a música permeia toda a vivência do cliente. Maíra explica: “Desde a chegada até a saída, mesmo que no dia não tenhamos apresentações ao vivo, todas as músicas do ambiente são escolhidas a dedo. Até mesmo nosso delivery vai com um QR code para o cliente sintonizar em nossa playlist e, mesmo em casa, tenha contato conosco”.

 


O tradicional trompete ocupa um lugar de destaque na casa, que é decorada com uma cortina vermelha inspirada nos pubs. No banheiro, um microfone de época fica à disposição para o cliente tirar uma foto e se sentir uma estrela da música.


“O jazz tem muitas adjacências, é muito inspirador. É um gênero que tem muita improvisação, que atiça a curiosidade e poder presenciar a paixão de músicos que se entregam à música é muito encantador. Recebemos lançamentos de bandas, EPs e até dança. Também realizamos nossos próprios eventos de rua, como o ‘Viva o Jazz no Asfalto’, em que ocupamos o quarteirão do restaurante e promovemos shows e apresentações anuais”, comenta.

 

Sucessos em forma de hambúrguer


Músicas como “Take Five”, de Dave Brubeck, notória por sua melodia distinta e pelo uso inusitado do compasso 5/4 à época de sua criação, dá nome ao hambúrguer mais pedido da casa, com cinco ingredientes, que geram uma combinação incrível de sabores. Dentro do pão australiano feito na casa, blend de fraldinha 150g, bacon, cheddar, tomate, alface, cebola caramelizada e molho aioli.

 


Eternizada por vários artistas de jazz, “Summertime” é também homenageada no cardápio. O hambúrguer no pão australiano tem blend de fraldinha 150g, bacon, cebola caramelizada, muçarela, alface, molho barbecue e um ovo com gema brilhante para simbolizar “dias de sol”.


O cardápio ainda conta com o “Que beleza” (blend de fraldinha 150g, queijo muçarela, picles e molho barbecue no pão brioche da casa) e o “Respect” (falafel, coulis de pimentão vermelho, requeijão de castanha de caju, tomate confit e cebola marinada no pão ciabatta da casa).

 

Sabores únicos


Os sócios escolheram o Bairro Santa Tereza para abrir uma nova unidade por ser uma região tradicionalmente boêmia da cidade e berço de grandes músicas e eventos culturais.

 

Cheddar, cebola caramelizada, bacon e molho barbecue formam o hambúrguer 'Back to black', em homenagem a Amy Winehouse

Cheddar, cebola caramelizada, bacon e molho barbecue formam o hambúrguer 'Back to black', em homenagem a Amy Winehouse

Victor Schwaner/Divulgação


“Namoramos o bairro por muitos meses até achar o nosso ponto, pertinho de onde surgiu o Clube da Esquina. Abrimos nossa segunda unidade em 2022, com muita música em um quintal muito aconchegante e arborizado. Um espaço que nos permite experimentar, temos muitos planos pela frente. Pretendemos fortalecer o Soul Jazz Burger como um local de eventos culturais e uma referência em gastronomia de qualidade”, declara.


Segundo Maíra, todos os processos são verdadeiramente artesanais. “Tudo é feito por nós, desde os pães, molhos até as sobremesas. Criamos nossa assinatura nos pratos de forma que em nenhum lugar do mundo existe o mesmo sabor incrível que produzimos”, explica.


Discografia de comer



Criado para homenagear o movimento da década de 1960 que reuniu nomes como Milton Nascimento, Lô Borges e Beto Guedes e marcou a história da música brasileira, o Bar do Museu Clube da Esquina nasceu de uma experiência de Virginia Camara, produtora cultural do espaço, com turismo.
“Trabalhei muitos anos na área e, por conta disso, acabei tendo contato com o Gabriel Guedes, proprietário do antigo Godofredo, que ficava no atual endereço do bar. Dessa forma, tive a ideia de homenagear o Clube da Esquina e virei a curadora do espaço”, conta.

 

Toda a decoração do bar remete ao Clube da Esquina

Toda a decoração do bar remete ao Clube da Esquina

Nereu Jr./Divulgação
 


Segundo Virginia, a intenção é mostrar geograficamente que naquela casa era o ponto de encontro dos músicos. “Toda a decoração remete ao Clube da Esquina, a playlist do YouTube que toca no ambiente… Já vimos os clientes chorarem, relembrarem a infância, a adolescência, os pais e avós. Tem muita coisa para celebrar esse projeto lindo que aconteceu há 50 anos” declara.


A música aparece no cardápio e na experiência geral do cliente. “Temos o objetivo de contar e recontar a história desse movimento musical, seja pela localização ou pelo paladar, com petiscos e drinques que trabalham com os sentidos do ser humano”, declara Camara. Apresentações ao vivo são realizadas de terça a domingo: “Temos clientes que vêm do Brasil inteiro para reviver esse tema nas suas diversas facetas.”


No menu, o bar promove uma brincadeira com nomes de músicas ligadas ao movimento. É possível comer de entrada “Um girassol da cor de seu cabelo” (abacaxi grelhado e caramelizado com provolone dourado, tomates confitados e redução de balsâmico). Entre os pratos, tem o “Para Lennon e McCartney (parmegiana de filé ou Frango com arroz e batata chips).

 

Composição de Tavito, 'Casa no campo' dá nome ao petisco com linguiça artesanal flambada na cachaça, farofa cítrica e vinagrete

Composição de Tavito, 'Casa no campo' dá nome ao petisco com linguiça artesanal flambada na cachaça, farofa cítrica e vinagrete

Nereu Jr./Divulgação
 


A sobremesa “Paisagem na janela” combina mousse de maracujá ou mousse de chocolate meio amargo com farofinha de brownie, enquanto “Trem Azul” é um drinque com gim, água tônica, xarope de maçã verde e hortelã.

 

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Serviço


Gumbo Soul Food (@gumbosoulfood)
Avenida Amazonas, 1049, loja 75 – Centro

O Candiá (@ocandiabar)
Avenida Francisco Sá, 430 – Prado

Soul Jazz Burger (@souljazzburger)
Rua Conselheiro Rocha, 2809 – Santa Tereza
Rua Noraldino de Lima, 387 – Aeroporto
(31) 99300-7402

Bar do Museu Clube da Esquina (@bardomuseuclubedaesquina)
Rua Paraisópolis, 738 – Santa Tereza
(31) 99688-0558

 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino