
Sucesso na Savassi, chef ainda luta pela valorização da Região Leste de BH
'É uma região que tem muita história e uma cidade é muito mais rica quando consegue preservar a cultura dos bairros', defende Bruna Martins
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Siga noLocalização, tipo de comida, ingredientes. Bruna Martins pensou em tudo para fazer o Gata Gorda agradar em cheio. Não necessariamente o que ela queria, mas o que entende que o público gosta e valoriza. E deu certo. O restaurante acaba de completar três meses e está sempre cheio, com fila de espera e na lista dos belo-horizontinos de lugares para conhecer.
A chef vem de uma história de muito esforço para colocar a Região Leste de Belo Horizonte no mapa da gastronomia. Há 11 anos, ela abriu o Birosca no Bairro Santa Tereza e, há quase três, inaugurou o Florestal no Floresta. Mas, com o tempo (e a maturidade), entendeu que precisava estar na Centro-Sul para ser vista.
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“Comecei a perceber gente no mercado fazendo muito dinheiro com trabalhos medianos e que isso tinha a ver com a localização. É uma luta levar consumidor foodie para lá, tenho sempre que ficar chamando muita atenção na internet, isso me satura como chef. Aqui é muito mais fácil, tem gente o tempo inteiro circulando e com poder aquisitivo para consumir gastronomia”, analisa Bruna, segura de que a Savassi precisava de um Gata Gorda: restaurante com pegada de bar, nada “pasteurizado”.
Mas não é só isso. O que ela percebe que vende hoje – cozinha internacional tradicional – não cabia no Birosca ou Florestal, suas duas outras casas, com conceitos gastronômicos muito bem definidos. Um se volta mais para a cozinha mineira e outro coloca os vegetais como protagonistas.
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“As pessoas insistem em falar que chef é muito bom porque faz carne alta ou risoto. Por mais que esteja brigando pela cozinha mineira, e brasileira, acho que está tendo uma inversão de valores e o público está amando ir a restaurantes de nichos mais internacionais, franceses e italianos.”
Em vez de nadar contra a maré, Bruna decidiu surfar nessa onda. Antes, ela nem considerava usar trufa, grana padano etc, “não só por não ser brasileiro, mas são ingredientes incríveis, que ficam uma delícia de qualquer jeito, não é desafiador”. Agora, não apenas se abriu para eles, como reuniu tudo o que vê que as pessoas querem consumir. Atum, carne alta, massas, ovas, cogumelos...
Do seu jeito
Bruna não romantiza sua história, não. “Sempre fui de classe média baixa e sempre abri os restaurantes onde podia. É óbvio que já quis abrir no Lourdes, mas era inviável financeiramente. Ser chef mulher é não estar inserida no ambiente de negócios. Nunca recebi nenhuma proposta de investidor, por incrível que pareça”, desabafa.

A história mudou quando ela foi procurada, em 2023, logo depois de ganhar o Prêmio Cumbucca de Gastronomia como melhor chef mulher. A proposta era assumir o Da Villa, espaço gastronômico com múltiplas cozinhas. Bruna recusou e, numa nova tentativa de negociação, deixou claro: “Aceitaria se pudesse fazer um restaurante do meu jeito.” E assim aconteceu, no mesmo endereço.
Segundo a chef, o projeto da gata Gorda nasceu para “me acalmar”, não exigir tanta reinvenção, dar tranquilidade financeira, o que não significa que ela vai deixar o Birosca e o Florestal de lado. Pelo contrário, isso dá fôlego para lutar pelos outros dois restaurantes, aos quais se declara “apaixonada”. “Não passa pela minha cabeça sair da Zona Leste, vou lutar um pouco mais. É uma região que tem muita história e uma cidade é muito mais rica quando consegue preservar a cultura dos bairros”, defende.
Como adianta, o Birosca vai passar por transformações este ano, entre elas atendimento ao público como uma delicatessen, com produtos exclusivos da casa.
Serviço
Gata Gorda (@gatagorda.bh)
Rua Levindo Lopes, 96, Savassi
Reservas em usetag.me