ANCESTRALIDADE

Espaço de gastronomia e cultura afro-brasileira em BH celebra aniversário

Território Kitutu completa um ano de funcionamento e recebe programação especial no mês de abril

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"‘Kitutu’ na língua Bantu significa 'comida apetitosa'", conta a Mestra Kelma Zenaide, fundadora do Território Kitutu. O nome do espaço, no Centro de BH, faz jus ao cardápio da casa, que explora preparos e ingredientes de origem africana e que, muitas vezes, são parte do cotidiano das culinárias mineira e brasileira também.

Além de conquistar os clientes pela barriga, o local encanta olhares. Com cerca de 25 quadros que retratam a arte negra ou produzidos por artistas negros expostos e à venda, o espaço pretende abraçar diversas manifestações da cultura afro-brasileira.

Em abril, o Território Kitutu vai comemorar seu primeiro aniversário. Para esse importante marco em sua história, uma programação especial foi organizada por Kelma. O grande destaque será o almoço e o jantar africanos comandados pelo chef congolês Kimberly, no dia 12 de abril.

Em 23 de abril, começarão os preparativos para o Festejo de Ogum, que acontece, de fato, no dia 27 do mesmo mês. Kelma ressalta que, antes do evento, servirão feijoada para pessoas em situação de rua. A partir das 13h, quem comparecer poderá provar também esse tradicional prato.

O aniversário da fundadora do espaço não poderia passar em branco. No dia 25 de abril, ela vai comemorar seu dia no Território Kitutu, com a presença dos clientes também. “A gente vai reunir algumas pessoas aqui, todo mundo é muito bem-vindo”, destaca.

E para aqueles que quiserem marcar na pele homenagens, nos dias 5 e 6 de abril, o local receberá o Flash Tattoo Day, com o tema "Ancestralidade".

Feijoada sendo preparada
Há cerca de 10 anos, a mestra Kelma Zenaide prepara o Festejo para Ogum Divulgação

 

A origem de tudo

Nascida em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Kelma sempre assistiu aos familiares no preparo das refeições de casa, cada um com sua função. Ela conta que seu primeiro contato direto com a gastronomia foi acompanhando a mãe na matança de porcos e galinhas, bem no quintal de casa.

Com o tempo, Kelma passou a perceber que aquela comida caseira, produzida por sua família, e tantas outras não eram valorizadas no comércio. "Comecei a ficar intrigada com isso; no nosso comércio só vendia coxinha, salsicha, coisas industrializadas e tal."

A soma dessa inquietação, da bagagem que trazia de casa e da especialização em literatura africana e afro-brasileira que cursou, resultou na criação do Kitutu. "Ele resgata o que se era feito no quintal da minha casa e também coisas que eu nem imaginava que podiam existir", relata Kelma.

Inicialmente, a fundadora vendia as deliciosas comidas em uma kombi. Passou também a atuar no segmento de catering, com eventos. Foi no início de 2024 que nasceu o tão sonhado Território Kitutu, fruto de tantos anos de luta, resistência e dedicação da Mestra Kelma.

Se for de paz, pode entrar

"Todos aqueles que não têm nenhum tipo de preconceito, são muito bem-vindos nesse espaço", diz Kelma. A inclusão é um dos principais pilares do local, inclusive no cardápio, que é sazonal e pode variar. A criação dos pratos também parte de Kelma, que, por não ter uma formação na área da gastronomia, explica que são suas origens e referências que contribuem com esse processo. "A maioria dos pratos que eu criei, partem mesmo de uma vivência."

A Moqueca de Banana da Terra (R$ 42,90) é um dos sucessos da casa e é um prato vegano. A inclusão de alimentar, segundo Kelma, é muito importante. "Não faz sentido você estar em uma festa, na casa de alguém e todo mundo que come carne se alimenta bem e se tem um vegano ou vegetariano, essa pessoa não é bem servida. O alimento precisa ser democrático", ressalta.

Moqueca de banana do Território Kitutu
A moqueca de banana é um sucesso na casa Victor Schwaner/Divulgação

Outro destaque da casa é o Xinxim de Frango (R$ 49,90), composto por filé de frango ao molho de leite de coco e amendoim, acaçá, arroz, salada de feijão fradinho e farofa de dendê.

Além do cardápio, Kelma busca um ambiente inclusivo e acolhedor para todos, com uma equipe que também abrace minorias sociais. "Para trazer uma outra visão desse mundo que as pessoas falam que é marginal. Quero mostrar que a diversidade existe e que a diversidade também tem a ver com valores", diz.

Recuperação de uma cultura apagada

"A gente tem restaurantes franceses, portugueses E italianos, e todo mundo sabe quais são os pratos principais desses países, mas sobre a culinária diaspórica, as pessoas não falam", relata Zenaide. Por isso, uma das missões do Kitutu é justamente valorizar essa gastronomia "de fundo de quintal e dos quilombos".

Além disso, a fundadora destaca a urgência de explicar para a população que pratos típicos e tradicionais de Minas e do Brasil tem suas raízes na gastronomia africana. "A gente precisa mudar essas histórias que nos tirou do protagonismo", acrescenta. 

Serviço

Território Kitutu (kitutugastronomiafrobrasileira)

Rua Aarão Reis, 496, centro


(31) 99839-2297


Sexta, das 19h às 22h


Sábado e domingo, das 12h30 às 20h

*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata

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